quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Funeral de mesmo luar.




Poucas luas se passaram
Muitos sóis se puseram
Mais uma vez se encontra
Uma tribo representada

A semente havia germinado
O nosso barco foi ancorado
Seis haviam retornado
Um sétimo havia chegado

O salão estava calmo
Um caminho nos conduzia
A luz sobre nós brilhava
Na areia a mesa se estendia

A mesma lua nos via
O mar mesmo nos falava
A mesma terra nos recebia
Nossa agradável companhia

A mesa estava farta
A comida nos esperava
A bebida já gelava
O filho do grisalho falava

Sete leis foram ensinadas
Interpretações confrontadas
Uma lição nós estudamos
Todas as leis nós aprendemos

Nossa fome começou a uivar
Nossa sede pedia atenção
Começamos a nos saciar
Brindei com meus irmãos

Antes de matarmos nossa sede
Juntos nós fizemos uma rede
Brindamos aos nossos deuses

Antes de matarmos nossa sede
Juntos a vela que queimava
O filho do caolho falava

Antes de matarmos nossa sede
Juntos com chifres desiguais
Brindamos aos nossos ancestrais


Antes de matarmos nossa sede
Juntos em rodadas iguais
Brindamos aos folks dos demais

As chamas foram acesas
As velas eram estrelas
Brilhavam em cada olhar
Um rito lindo de se admirar

O caldeirão na areia foi posto
Muito carvão para seu porte
O fogo foi mais bem colocado
Em uma tribo tivemos melhor sorte

Cada gole passava pela chama
A sede queima e fugia
Ninguém queria sua cama
Ninguém por ali dormia

A bebida dos deuses aquecia
Ninguém poderia se queixar
Dois homens saíram da praia
Com mais frio voltaram para o mar

Nem todos os convidados
São sempre esperados
Alguns tentariam atrapalhar
Mas logo notavam incomodar

Filhos de Thor trocaram olhar
Juntos foram para o mar
Muita sabedoria foi trocada
Na terra se esperava a alvorada

O céu se tornou vermelho
As nuvens cobriam as estrelas
Todos estavam inteiros
Mas não havia nada na mesa

As oferendas foram levadas
O funeral foi celebrado
Palavras foram sussurradas
O rito foi encerrado

Cada um seguiu seu caminho
Mas todos tinham o mesmo lar
Cada qual tinha um destino
Mas todos no mesmo Drakkar.

- Seguidor do andarilho das nuvens.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Raízes desenterradas.






Eram terras bem distantes
Além do mar enevoado
Um povo de várias raízes
Duas tribos lado a lado

Areia foi o nosso chão
Estrelado era osso teto
Circular era o salão
O horário era incerto

Pães, frutas e doces
Afastaram nossa fome
Vinho, água e cerveja
Sobravam sobre a mesa

Uma fogueira foi acesa
Dentro de um caldeirão
Fogo estava sob a terra
Fumaça no céu do salão

A fogueira foi acesa
Com certa dificuldade
Nosso suor foi a lenha
O fogo se fez verdade

Sua fumaça nos clareou
O que havia ao nosso lado
O calor nos aproximou
As diferenças ao acaso

Pessoas foram coroadas
Outras já embriagadas
Todas bem animadas
Muitos estavam em casa

Histórias foram contadas
Pessoas ficaram caladas
Alguns estavam atentos
Outros já sonolentos

A mulher que pouco falou
O homem que se prolongou
Cada qual teve sua lição
Transmitindo a um pagão




O símbolo de um deus foi elevado
Alguns dançavam ao seu lado
O mar levou o que era esperado
Nada mais por ele foi tomado

A noite já ia bem alta
O salão se esvaziava
Pouca comida faltava
Muita bebida sobrava

O Sol nascia para encerrar
A data foi bem comemorada
Era hora de descansar
Para dar lugar a alvorada

Cada um seguiu seu rumo
Unidos ou separados
E no final de tudo
Estávamos realizados

Uma tocha ascendeu a clareira
Uma chama que não quer apagar
Uma luz maior que a fogueira
Que nos mostra como retornar

Os deuses nunca nos abandonaram
Com os ancestrais no esperaram
O barco que atravessa o mar
Cruza as névoas de volta ao lar

- O Filho daquele que tudo vê.


Autor: Sonr Loge