terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vestimentas Cerimoniais



As escavações arqueológicas comprovam os relatos de antigas sagas que descreviam a indumentária especial dos xamãs nórdicos. Essas indumentárias sempre incluíam certos itens considerados essenciais para a conexão com os mundos sutis: mantos com capuz (para facilitar o transe), peles de animais (para a prática da Utiseta e para homenagear os animais de poder), bolsas de couro para levar objetos, insígnias de poder, amuletos e talismãs.

Resumirei a seguir os trajes tradicionais de uma volva: um manto azul-escuro bordado com pedras, capuz forrado de pele (de lince, raposa, texugo ou castor), luvas e botas de pele de gato-do-mato, bolsa de couro pirogravada com símbolos, lenço ou touca de tecido vermelho com bolinhas brancas e um xale bordado com motivos tradicionais em várias cores. Ela levava consigo uma pele (de urso ou lobo), um banquinho de três pés (stol), um cajado, um bastão e uma faca ritual, além de uma bolsa com seus “objetos de poder” e talismãs rúnicos.

Nas bolsas encontradas em sítios arqueológicos foram encontradas contas de âmbar, pedras furadas naturalmente (hag Stones, “pedras da bruxa”), penas e bicos de corvo e falcão, garras de urso e lobo, peles e esqueletos de serpente, peles de animais, conchas e ervas sagradas.

O mago moderno pode usar um traje menos exótico ou complicado, mas deve preservar alguns itens tradicionais, adaptados de acordo com as suas possibilidades.

Para os homens sugiro calças e túnica de algodão cru ou tingido em tons de azul, vermelho, amarelo, marrom ou verde. O manto é opcional, porém deverá ser sempre azul-escuro e com capuz, em homenagem a Odin.

Para as mulheres, dou como sugestão o traje usado pelo circulo de estudos rúnicos que dirijo> um vestido longo de linho ou algodão azul-forte, com avental da mesma cor, enfeitado com galões coloridos. Acompanhando os graus de iniciação são acrescentados mais dois itens: uma touca vermelha, inspirada nos trajes tradicionais do povo sami (com uma renda na beira e galões nas cores azul, verde, dourado ou amarelo) e um cinto de nove fitas trançadas, com as cores do arco-íris, mais o preto e o branco.

O vestido pode também ser vermelho (para Freyja), verde (Nerthus), azul-claro (Frigga), amarelo-ouro (Sunna) ou preto (Hel), bordado com contas formando rodas, espirais, ondas ou runas, com um cinto de couro ou de firas trançadas (nas cores do arco-íris). O cinto tradicional era de couro, composto por três tiras trançadas, com a ponta dividida em nove franjas, com nove nós (simbolizando os noves mundos) e nele era presa a bolsa em que ficavam as ervas, pedras, talismãs e runas. Os nórdicos acreditavam que o cinto ajudava a canalizar energias, principalmente se tinha nove nós dados com propósitos mágicos ou se era feito com o couro ou a pele do animal de poder.

Um item exclusivo das curandeiras, profetisas e xamãs era a touca vermelha, que representava sabedoria, dons de cura e de profecia. Seu uso foi proibido após a cristianização e considerado um indício de heresia e prática de bruxaria. Do ponto de vista simbólico, a touca indicava a habilidade de “voar” e “ver longe” – dons inatos ou adquiridos pela ingestão ritual de cogumelos alucinógeno Amanita muscaria (vermelho com pintas brancas, muito toxico) -, bem como o poder mágico do sangue menstrual e os elos entre as mulheres.

Lenços e chapéus vermelhos eram e continuam sendo usados pelos xamãs dos nativos sami, além de ser atribuídos aos gnomos responsáveis pela fertilidade da terra. Esse é certamente o significado das estatuetas de anões colocadas nos jardins ate hoje e da lenda escandinava do “Homem Vermelho”, um ser sobrenatural que recompensava com riquezas aqueles que lhe davam hospedagem e alimento nas noites frias de inverno.

Recomendo, tanto para os homens quanto para as mulheres, que confeccionem e usem uma tira branca (de algodão ou linho), bordada ou pintada com as 24 runas do Futhark antigo. Essa tira, usada na cabeça em todos os rituais com energias rúnicas, deve ser confeccionada ao longo dos 24 dias que antecedem a iniciação. Diariamente, enquanto borda ou pinta os traçados das runas, o iniciado deve visualizar seus significados e entoar seus galdrar. Depois de pronta, a tira deve ser imantada com fluxos de önd captados na Natureza e consagrada, sendo dedicada a um deus ou deusa reverenciados como “padrinhos” (as Nornes, Odin, Frey, Mimir, Thor, Tyr, Freyja, Frigga, Holda, Nerthus ou Saga).

Devo alertar também sobre os calçados, que deverão ser de couro ou de camurça, jamais de materiais sintéticos ou com sola de borracha (que isola o praticante de força da terra). O ideal, na verdade, é que ele fique descalço, em contado com os fluxos telúricos do önd.


Trecho retirado do livro: Mistérios Nórdicos

Da autora: Mirella Faur

Editora: pensamento

Livro muito bom e fascinante eu recomendo!!!!